Putin diz que plano de paz dos EUA é “base para solução definitiva”; Trump confirma ultimato até quinta-feira
O presidente russo se mostra aberto a negociações sobre os 28 pontos apresentados por Washington, mas avisa que poderá ocupar mais território caso Kiev rejeite o acordo. Do outro lado, Trump aponta um prazo firme e aponta sanções e apoio militar com tom de alerta.
Em meio a um gira‑gira diplomático que não parece ter fim, Vladimir Putin afirmou nesta sexta-feira que o plano dos EUA para a guerra na Ucrânia pode sintetizar uma solução definitiva e pacífica. Contudo, avisou que o acordo não foi discutido com Moscou de forma concreta e defendeu tratar o conjunto de medidas como uma versão “modernizada” da proposta que já era debatida desde a visita ao Alasca. No entender do líder russo, o que vem dos EUA pode servir como base, mas exige uma conversa aprofundada para ajustar cada detalhe.
Mais à frente, o presidente dos EUA, Donald Trump, deixou claro que impôs um ultimato a Volodymyr Zelensky para que aceite o plano até o Dia de Ação de Graças, que cai na próxima quinta-feira. Caso não haja adesão, a Casa Branca sinaliza que poderá manter um calendário rígido, com a possibilidade de estender prazos apenas se tudo funcionar como planejado, segundo a própria leitura de Washington. Em entrevista à Fox Radio, Trump reforçou que já transferiu para a Ucrânia o que ele chama de “o melhor equipamento militar do mundo”, ao mesmo tempo em que classificou a frente de combate como um cenário que está “fora de controle” e descrito como um massacre.
Entre as declarações, há uma outra linha que aguenta a ponta: a possibilidade de ataque a novos países europeus. Trump afirmou acreditar que Putin não busca “mais problemas” e que já teria aprendido lições dolorosas de uma guerra que, segundo ele, deveria ter durado um dia e já dura há quatro anos. No centro da discussão, porém, está a disposição de Putin de ouvir os 28 pontos propostos pelos EUA e de buscar um acordo por meios pacíficos. “Estamos prontos para isso”, repetiu, dizendo que a proposta foi discutida apenas de forma geral entre Moscou e Washington. Ainda assim, ele destacou que o acordo exige concessões e que Kiev tende a se opor a uma resolução que, aos olhos de Moscou, poderia mudar a configuração do conflito.
Do ponto de vista econômico e estratégico, o contexto não deixa de ter impacto. Trump sublinhou que novas sanções norte‑americanas entraram em vigor contra grandes empresas petrolíferas russas — Rosneft e Lukoil —, descritas por ele como ferramentas de peso no tabuleiro atual. Já a narrativa para Kiev é outra: o líder americano sugeriu que as forças ucranianas já estariam perdendo terreno, com o conflito chamado de “fora de controle” por quem está de fora, além de sustentar que a assistência militar e de inteligência poderia sofrer alterações caso o plano seja adotado por Washington.
Enquanto isso, na linha de frente da comunicação, surgem vozes que analisam o impacto político interno da proposta. A visão de que o acordo de paz pode significar perdas significativas para a Ucrânia, incluindo queda de apoio americano, é ressaltada por críticos que lembram o peso da assistência internacional no esforço de defesa. Entre eles, uma ex‑embaixadora dos EUA na Ucrânia chamou o plano de “desastre”, sustentando que Kiev poderia ver seu território cedido ao longo de uma negociação que, segundo ela, deixaria a Ucrânia menos protegida e com menor capacidade bélica a curto prazo. A narrativa aponta, ainda, que uma eventual proibição para a Ucrânia se aproximar da NATO poderia deixar Putin com maior influência no âmbito transatlântico.
Entre os desdobramentos, vale destacar que a tensão não se resume aos arquivos diplomáticos: as avaliações variam sobre como os 28 pontos vão se desdobrar na prática. Por um lado, Putin enfatiza a necessidade de uma discussão minuciosa para ajustar detalhes e, por outro, Kiev — conforme as leituras de Washington — precisaria manter firme a sua posição para não perder o apoio crucial de seus aliados. O tempo é um ingrediente decisivo nesse xadrez, e a percepção pública oscila entre a esperança de uma saída pacífica e a cautela de que negociações complexas possam, de fato, mudar o equilíbrio do conflito. No fim das contas, o que está em jogo não é apenas a geopolítica, mas a vida de pessoas e o dia a dia de quem se vê no meio de uma crise que já dura anos.
Para quem acompanha as novidades com curiosidade e interesse pelas consequências para o cotidiano, fica a pergunta: quais concessões realmente poderiam tornar esse plano viável sem comprometer a segurança das partes envolvidas? E, principalmente, o que isso muda na prática para quem vive na linha de frente ou depende de uma resolução estável para retomar a normalidade de suas rotinas?
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