CAOA produz o último veículo da Hyundai e encerra casamento
Desfecho de um relacionamento que moldou o mercado automotivo brasileiro ganha contornos de curiosidade e impacto para o consumidor
No dia 31 de outubro, a CAOA acionou o motor pela última vez em Anápolis, em Goiás, fechando um capítulo que se iniciou há décadas e que uniu a companhia nacional à sul-coreana Hyundai de forma marcante. Conforme dados divulgados, o último veículo produzido pela Caoa para a Hyundai foi um caminhão leve do modelo HR, que ganhou notoriedade no Brasil como um dos VUC mais vendidos do segmento. Na prática, trata-se do fim de uma parceria que ajudou a moldar o portfólio nacional da Hyundai e a maneira como a marca chegou ao consumidor brasileiro.
O encerramento da relação ocorreu apenas dois dias antes do anúncio da nova aliança do grupo Caoa com a chinesa Changan, oficializada em assinatura de acordo durante o Salão do Automóvel 2025, em São Paulo, no distrito do Anhembi, com previsão de atuação até 30 de novembro. E no dia a dia, esse movimento sinaliza uma reconfiguração do mapa de produção e distribuição da Caoa no Brasil.
Histórico e contexto ajudam a entender o que está em jogo. Iniciada em 1999, a parceria Caoa-Hyundai começou pela importação de carros e comerciais leves vindos da Coreia do Sul. Já em 2007, a Caoa passou a produzir veículos da Hyundai no Brasil, com a fábrica em Anápolis, na região sul de Goiás. Além disso, a trajetória inclui o Tucson — nas três primeiras gerações —, que impulsionou a Caoa a consolidar produção local e uma rede de distribuição robusta, potencializando a presença da Hyundai no país.
Para entender o desenvolvimento, vale lembrar que a primeira geração do que hoje é conhecido como Tucson, acompanhada das evoluções ix35 e New Tucson, permitiu à Caoa consolidar a produção nacional ao lado de uma estratégia agressiva de marketing e distribuição. Com a operação local e a força de rede, a Hyundai ganhou fôlego no mercado brasileiro, especialmente por meio da atuação da Caoa e de suas concessionárias.
Entre os capítulos marcantes dessa relação, destaca-se a disputa travada em 2012 pelo direito de importação de veículos. Mediada no Tribunal Internacional em Paris, a causa foi vencida pela Caoa, embora a disputa tenha deixado a relação entre as empresas abalada. A sequência dos acontecimentos ganhou novo contorno com o falecimento do dr. Carlos Alberto de Oliveira Andrade, em 2021, momento em que o controle da Caoa passou a ceder parcialmente o direito de importação e distribuição para a Hyundai. No acordo seguinte, a Hyundai permitiria que a Caoa produzisse pelo menos dois modelos de veículos em Anápolis, mas o que se sabe agora é que o casamento entre as duas empresas chegou ao fim. Ainda assim, a Caoa continua como a maior rede de concessionárias da marca no país.
Com a Caoa Chery já estabelecida, e agora a Caoa Changan, o grupo busca consolidar posição no mercado de massa com a primeira marca e, ao mesmo tempo, explorar o segmento de luxo com a segunda. A ideia é manter a produção em Anápolis sob a égide de Caoa, ao lado dos carros da Chery, abrindo espaço para novos modelos sob cartelas diferentes.
- HR — o primeiro veículo produzido no Brasil pela Caoa para a Hyundai
- HD e Tucson — acompanharam o início da produção nacional
- 2012 — disputa de importação decidida no âmbito internacional, com consequências para o relacionamento entre as empresas
- 2021 — falecimento de Dr Carlos Alberto de Oliveira Andrade e reconfiguração de controles na Caoa
- Salão do Automóvel 2025 — assinatura que formalizou o acordo com a Changan, abrindo novo ciclo de parcerias
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